O dia 19 de fevereiro tem um gostinho para lá de especial para a torcida do Bahia. Foi há exatos 32 anos atrás, no dia 19 de fevereiro de 1989, que o tricolor baiano se sagrou bi-campeão brasileiro. Um dos destaques da vitoriosa campanha do Esquadrão, o meia-atacante Zé Carlos, o camisa 10 daquela equipe, falou ao Veja Notícias Online sobre essa partida e sobre a conquista de uma forma geral.
José Carlos Conceição dos Santos, nasceu em Salvador no dia 20 de março de 1965. Torcedor do Bahia, frequentava as arquibancadas da velha Fonte Nova com seu pai. “Eu já era torcedor do clube. Ia sempre à Fonte Nova e quando o Bahia perdia chegava até a chorar. Fui crescendo naquele exemplo de as vezes sair da Fonte Nova com o Bahia perdendo e ter que voltar correndo porque o Bahia empatava e até virava o jogo”, recorda.
Aos 18 anos, numa peneira realizada no antigo centro de treinamento do clube, o Fazendão, acabou sendo o único aprovado em meio a outros 1.300 garotos. Em meio a notícia de uma possível dispensa, o garoto sentou para ver o treino do time profissional foi quando, na carência de um lateral direito, acabou sendo chamado pelo treinador para compor o time reserva. Daí foi dada a largada a carreira de um dos mais vitoriosos atletas da história do tricolor. “Não tinha nem condições físicas de jogar. Mas sempre fui uma pessoa determinada naquilo que eu fiz e quero fazer. No Bahia, não foi diferente. Nesse mesmo ano fui vice-artilheiro do campeonato baiano de Juniores, perdi apenas para Charles. Depois de dez anos que não entrava um jogador da base no time principal, eu fui o primeiro a jogar. Isso em 1986 com Titio Fantone. Fui tricampeão baiano em 1986, 1987, 1988. Isso naquele time que tinha Rogério, Zanata, estevão, Pereira, Edinho, Paulo Martins, Leandro, Bobô, Zé Carlos e Sandro; Claudio Adão, Humberto…”, lembra.

Título – Naquela tarde de sol no estádio do Beira-Rio, e Porto Alegre, o Bahia entrava em campo precisando de sum simples empate para se sagrar bicampeão nacional. No primeiro jogo da final, o Esquadrão venceu de virada: 2×1. Bobô (duas vezes) marcou para o tricolor. Ao longo da competição foram os 29 jogos, 13 vitórias, quatro empates e cinco derrotas. Destaque para a grande vitória para o Fluminense, na semifinal, diante de 110.438 presentes. Maior público da história da Fonte Nova.
“O jogo com o Inter foi a consequência daquilo que a gente fez durante toda competição. Crescemos dentro do torneio a ponto de chegar à final. Vencemos por 2×1 na Fonte Nova e fomos ao Beira-Rio precisando manter apenas o empate. O bom disso tudo é que aquele friozinho que dava na barriga, já tinha dado em outros momentos e a gente tinha conseguido reverter as dificuldades. Quando a gente acordou de manhã e foi se aproximando a hora do jogo esse friozinho foi sumindo…Essa tensão, essa adrenalina…Você fica pronto para executar tudo aquilo que você trabalhou e treinou durante o ano. Tínhamos um time muito unido e forte naquilo que a gente queria. E foi assim no jogo final”, conta Zé Carlos.
“O time do Inter era um grande time. Nunca tinham perdido um campeonato dentro do beira-rio. Tivemos o prazer de quebrar esse tabu de forma magnifica e convincente. Estávamos determinados à essa conquista. Antes do jogo vimos um monte de torcedor do Inter com a faixa de campeão. Nos programas de esportes os comentaristas mostravam a faixa. A gente via tudo e aquilo e resolvemos fazer a diferença dentro do campo, mostrando porque que estávamos ali e por que merecíamos àquela conquista. fui campeão e vice-artilheiro do Brasil, artilheiro do Bahia e o único que jogou as 29 partidas. Ainda pelo Bahia fui convocado para a Seleção Brasileira e disputei Libertadores da América. Essa foi a minha caminhada”, completa.
Ainda segundo Zé Carlos, após o jogo, ainda no campo, a ficha ainda não havia caído: “Ficava pensando como estava a torcida, como estava Salvador…. Fomos para uma churrascaria e depois logo voltamos para Hotel, pois na terça-feira já tinha jogo pela Libertadores. Ficava andando de um lado para o outro, sem conseguir dormir e pensando em tudo…”.