Em entrevista à BBC News Brasil, a pneumologista, professora pesquisadora da Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz), no Rio de Janeiro, Margareth Dalcolmo, professora analisou o atual estágio da pandemia no Brasil e o que pode ser feito a partir de agora para aliviar a crise sanitária. Dalcolmo se tornou uma das vozes mais ativas e influentes da ciência brasileira durante a crise sanitária.
De acordo com a pesquisadora, “o país vive um momento muito grave da pandemia com um recrudescimento já materializado daquilo que consideramos uma segunda onda”.
“Isso não nos surpreende, uma vez que as medidas de controle sanitário não foram só controversas, mas também ineficientes por um longo tempo. Nós sabemos também que a única solução possível para controlar a pandemia será a vacinação, e a campanha está apenas no início, numa velocidade muito aquém do desejável. Para completar, não temos observado um comportamento de solidariedade, não só de todos os cidadãos, mas também de nossas autoridades políticas”, explicou.
“As festas de final de ano foram trágicas. Eu mesma me manifestei diversas vezes dizendo que o Brasil teria o mais triste janeiro de sua história. E realmente tivemos, inclusive com o aparecimento da variante brasileira, identificada na família que viajou ao Japão vinda do Amazonas. E agora eu não tenho dúvida de que teremos o mais triste março de nossas vidas. Isso é resultado do Carnaval e do descompasso entre o que nós, cientistas, dizemos, e o que as autoridades afirmam. Nos últimos dias, ouvimos que não é pra usar máscaras. Não há dúvidas, está demonstrado que a máscara é uma barreira mecânica que protege quem usa e todo mundo ao redor”, completou Margareth.
De acordo com dados das secretarias estaduais de saúde, 17 estados têm ocupação em hospitais acima de 80%, um nível considerado crítico. Outros oitos estados têm taxas que superam os 90% — no Rio Grande do Sul, por exemplo, o número chegou a 100%.
As informações são do UOL.