As homenagens a Iemanjá na capital baiana tiveram um tom diferente em 2021. Devido à pandemia da Covid-19, não houve as tradicionais filas à Colônia de Pescadores Z1, nem a multidão que coloria de branco a praia da Paciência, no Rio Vermelho. No entanto, a fé e a emoção permaneceram na reverência à Rainha do Mar, como é chamada a orixá nas religiões de matriz africana. Por medida de segurança, a tradicional entrega dos presentes dos pescadores foi antecipada para às 8h.
Fé- Emocionado e entoando cânticos de homenagem à Iemanjá, o babalorixá Pai Ducho de Ogum, do Terreiro Ilê Axé Awa Ngy, afirmou que a principal homenagem está no coração e na mente de cada um. Pioneiro na confecção do presente, ele avaliou que a peça deste ano – um balaio de flores que rodeavam a imagem da orixá – foi simples e singela devido à pandemia, mas já prometeu que a Rainha do Mar receberá, em 2022, algo melhor e com muita satisfação. No barco que levou a oferta, os pescadores penduraram uma bandeira preta, homenageando os mais de 220 mil mortos na pandemia da Covid-19.
A servidora aposentada Ildenir Freitas, moradora do Rio de Janeiro, veio visitar o filho Rodrigo, que reside em Salvador há dez anos. Desde então, ela não perdia a festa por nada. “Para mim é muito triste. Estou habituada com os anos anteriores, em que via isso aqui cheio, descíamos às 4h pra esperar o presente chegar. Mais triste ainda foi ver a bandeira representando as mortes, um luto por quem se foi”.